~~~~~ Filosofias Salgadas (Morto) | Oceano Pensante (Renatito) ~~~~~


quarta-feira, janeiro 31, 2007
Sabedoria do povo

Saí de casa por causa do tédio. Aliás, o dia estava muito bonito para se ficar em casa, por outro lado. Enfim, quaisquer que fossem os motivos, saí. E tropeçando por aí, acabei num parque. Sentei-me para descançar. O ar estava fresco e agradável - a sombra de um enorme ipê me acariciava. Ao meu lado acomodou-se um senhor, já bem idoso, de aparência cansada e doente, mas muito simpático. E conversador como só ele!

- Lindo dia, né filho?
- Sem dúvida! - respondi
- Sabe, é difícil acontecer algo assim hoje em dia...
- Algo assim... Como? Acho que não estou entendendo...
- Na verdade - prosseguiu - você está me entendendo perfeitamente, melhor do que ninguém o fez ultimamente. E é justamente sobre isso a que me refiro: conversar, ouvir, conhecer gente de verdade. Quando digo que é difícil acontecer algo assim, é porque as pessoas têm medo umas das outras - e não sem razão, pudera. Sentar num parque e conversar com um total desconhecido é quase uma incúria, ou como se diz, um pedido ao ladrão.

O senhor tinha uma conversa envolvente. E sorria. A cada frase, notava-se um lampejo jovial em seus olhos, apesar de sua decrepitude. Conversamos sem contar o tempo. De fato, eu mais escutei do que falei qualquer coisa. Não era necessário: os comentários daquele velho, passado e presente de uma imensa história, eram completos por si só e não davam espaços para contra-argumentos. A sabedoria encarnada.

Ela falava sobre política, futebol, mulheres... Falava com paixão sobre tudo o que vivera. Era único em sua narrativa, mas não que essa fosse singular: a história dele era a mesma de muitos, a mesma de todos nós. E ele era sábio, sem dúvida. De vez em quando parava, olhava em volta, como que refletindo sobre a vida, e tornava a contar suas tragédias e venturas.

Falou sobre sua infância também. Através de sua narrativa, não se podia definir ao certo se fora rico ou pobre. De certeza mesmo, apenas que fora feliz.

Quando já do final da tarde, depois de um breve silêncio, perguntei-lhe o nome, pois que até então não se havia feito necessário apresentações. Ele me olhou nos olhos e falou:

- Filho, eu ainda existo porque sou grande. Muito em breve eu posso desfalecer, mas tenho esperança de que subsista um pouquinho de mim em corações e mentes abertos e dessa forma serei eterno - mesmo que com menos força, ainda mais fraco do que por ora. Quando uma pessoa conta sua história eu estou presente, quando alguém batalha por direitos tácitos a qualquer cidadão também e quando nos conformamos com algo irremediável, infelizmente, lá estou eu novamente. Que fique claro: nem sempre estou certo, mas possivelmente sou levado em conta todas as vezes. Me chamo inconsciente popular...

Dei um pulo do banco e percebi que cochilara. Toda aquela história era fantástica e maravilhosa demais por ser verdadeira. Me pus de pé, a caminhar de volta para casa. E pensando com meus botões: "A voz do povo é a voz de Deus!"




quarta-feira, janeiro 17, 2007
Calvin & Hobbes




segunda-feira, janeiro 15, 2007
O Zé Povinho

Culpar o marginal. É o que eu faço em uma situação como um assalto, por exemplo. E não é para fugir do clichê: simplesmente é o que me passa pela cabeça nessa hora. Existem, claro, "N" motivos para uma pessoa chegar ao extremo de violência e cair na bandidagem, mas quando a violência lhe violenta, você só pensa em "querer ver morto aquele cretino"...

Momentos depois, com a cabeça mais fria, você pode refletir em como a coisa chegou a esse ponto. Daí sim, você começa a pôr a culpa no governo. E, afinal, é única e exclusivamente responsabilidade do governo as questões de segurança pública, saúde, emprego, estudo, etc...

Tudo verdade, não fosse o fato da gente toda ter se acomodado com a violência e com a marginalização de um grupo inteiro da sociedade. E não se faz nada, porque não se sabe o que fazer. "Eu votei no político em que acreditava, mas ele se mostrou tão corrupto quanto todos os outros". E assim por diante.

A responsabilidade do cidadão, em outros termos, o que se chama de cidadania, está resumida a votar a cada dois anos: presidente, deputados, senadores, governadores, vereadores, prefeitos, enfim, todos das classes do legislativo e executivo são escolhidos por nós e só a isso se resume o cidadão, não porque queiramos isso, mas porque é o que sabemos fazer. E ninguém nos explica mais nada, também. A questão da "fiscalização" vinda do povo não existe. Como eu, um simples "Zé Ninguém", posso intervir na esfera política? Como eu posso fazer minha voz ser ouvida se a politicagem não escuta sequer seus próprios semelhantes - os outros políticos?

A gente vê as cúpulas do senado e congresso batalhando duro por um aumento de 91% dos próprios salários, - eles, que já recebem cerca de R$50.000,00 todos os meses, devidos aos demais benefícios da classe - enquanto a população morre nas portas dos hospitais, ou entra em desespero por causa do desemprego. E só não digo que "morremos de fome" porque, felizmente, o governo federal tem oferecido uma esmola qualquer - nomeada como "Bolsa Isso" ou "Bolsa Aquilo" - e assim as pessoas mantém a barriga cheia, conquanto sua dignidade esteja em frangalhos.

Nesse ínterim, eu continuo culpando o marginal: não tenho culpa de ele não ter nascido em berço de ouro, eu também não nasci e não parti para a agressão mesmo assim. Entretanto, pensando no clichê da política e nas possibilidades de mudanças inócuas que são táteis e inerentes a população, é possível entender o que é o desespero. E se isso não basta, pelo menos revolta. E em algum momento, em algum lugar, há de surgir um cidadão de bem com um pavio suficientemente curto, que não agüente mais ficar a mercê da marginalização e da politicagem. Se isso acontecer, uma guerra civíl pode salvar nossas almas... Ou condená-las de uma vez por todas!




sábado, janeiro 13, 2007
O trabalho dignifica o homem...

Hoje de manhã, eu quase saí para procurar emprego. Digo quase porque acabei não acordando - e isso é praticamente um bom motivo, já que eu não posso ir numa entrevista enquanto estou dormindo ou, pior ainda, vestindo pijamas!

É uma ótima época para um desempregado voltar a figurar entre os contribuintes da previdência, já que praticamente todos os porto alegrenses estão curtindo o litoral. Daí que eu estou matutando se é realmente isso o que eu quero: voltar a trabalhar. Porque trabalho há; o que não há é emprego - no sentido "romântico" da palavra. E eu não quero lidar com uma labutação que deverá perdurar menos de um semestre, que se tornará uma decepção, visto que conseguirei algum cargo de vendedor ou operador de tele-marketing.

Venho falando para mim mesmo, constantemente: "Trabalhar como vendedor será uma boa experiência" - e talvez, além de boa, breve...

Não gosto do comércio. Não gosto de telefone. Não gosto de trabalhar com o que não gosto. Eu gostaria muito de estar estudando, mas de qualquer forma até para estudar eu tenho que saber no que eu vou querer trabalhar. Afinal, eu tenho que investir o capital que eu não tenho em algo que me traga algum retorno. Financeiro, diga-se de passagem...

Entretanto eu sou jovem e tenho o mundo aos meus pés. Claro, eu tenho que engolir alguns sapos, tenho que aprender a lidar com o valor das coisas, tenho que ser mais responsável e assim por diante. Nesse ínterim, então, eu devo compactuar com o mundo e admitir: "Sim, tenho que pegar qualquer emprego de merda, mesmo que esse me murche, mesmo que eu receba um salário indigno e que eu me frustre com o cotidiano em que vou me meter. Porque é assim que se adquire experiência!"

Eu gostaria de assentar alguns outros pontos da minha vida antes de voltar a trabalhar. Mas nada nunca ocorre conforme o planejado, então, canto como os Titãs: "Vamos ao trabalho! E só há uma maneira de fazê-lo: direito, bem feito, senão é melhor nem começar" - e parafraseio o Seu Madruga: "Não existe trabalho ruim. O ruim é ter que trabalhar!"




segunda-feira, janeiro 08, 2007
Calvin & Hobbes

Vou adicionar logo duas tirinhas do Calvin, que são remanescentes das tirinhas natalinas... E é só! Não estou muito afim de escrever patavina hoje...




quinta-feira, janeiro 04, 2007
Porto Verão Alegre

Dois dias seguidos de chuva e a temperatura abaixou um pouco. Menos mal, porque o calor estava quase insuportável... Pelo menos pra quem fica na cidade.

E apesar da chuva - ou do calor - é possível se divertir, ainda assim. Nos dois últimos anos, tive a felicidade de curtir uma prainha com meus amigos, mas esse ano acho que vou passar por aqui mesmo. Com isso, a gente procura por atividades nesta selva de pedra abandonada. Tenho andado bastante de bicicleta ultimamente, mas quando falo de "atividades" não me refiro a isso, logicamente que não.

Há quase dez anos - se eu não me engano, oito - uma programação cultural diferenciada e com preços módicos acontece em Porto Alegre, à época do veraneio. É o afamado Porto Verão Alegre. Peças de teatros são remontadas e apresentadas em diversas salas espalhadas pelos quatro cantos da cidade. Festivais de música, mostras literárias e outros eventos também acontecem, mas o teatro... O teatro tem que receber, com certeza, enfoque máximo!

É uma oportunidade de ouro para conhecer algumas peças consagradíssimas (como o "Bailei na Curva" ou "Os Homens de Perto), mas também algumas outras de menos prestígio e ainda assim, montagens maravilhosas.

Eu, como estudante, ainda posso usufruir do desconto que a carteirinha da UMESPA me propicia, de acordo com a lei municipal. Mas quem não possui esse benefício, não precisa se preocupar de qualquer forma: os preços dos espetáculos variam de R$12,00 à R$15,00.

Buenas... Abaixo indico um link para o portal Hagah, que reune todas as apresentações desta temporada:

Porto Verão Alegre - Rol de espetáculos




quarta-feira, janeiro 03, 2007
Calvin & Hobbes






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