Estou em franca campanha para o retorno do ICQ e daquele afamado "oh-ow", expelido e profetizado por tantas caixinhas-de-som, que enchem nossos corações de emoção e nostalgia, que faz do mundo um lugar melhor e mais justo para se viver, que acabará com as guerras, a fome, a AIDS, o câncer e qualquer outra mazela pensada que tenha surgido ou que está por surgir! Buenas, talvez o ICQ não seja assim tão poderoso, mas ele tem algumas vantagens sobre o MSN Messeger... Aquele negócio... Sabe? E tem também... Aquele outro bagulho, que é do caralho, e só o ICQ tem!
Tá... Francamente, essa presepada toda é uma farsa. A campanha em prol do ICQ é o reflexo mais puro e óbvio do marasmo da vida de desempregado e seu "ócio criativo". Sinceramente, o protocolo que utilizo para conversar com meus amigos faz tanta diferença quanto o fato dos plátanos possuírem certa similaridade com o bordo vermelho e por esse motivo serem frequentemente confundidos - inclusive o pessoal costuma dizer que a folha do plátano é aquela da bandeira do Canadá... Fez alguma diferença aprender essa informação? Pois é, captaste minha mensagem.
Mas digo-lhes que houve algo de interessante com o bagulho do ICQ: não sei por que cargas d'água (esse é um daqueles dilemas da psiquê humana, sem dúvida) ainda lembro do meu número do ICQ! E da senha! Enfim, após quase, sei lá, 5 anos (??), loguei na birosca e eis que numa tarde, uma guria veio me procurar, com aquela frase muito pronunciada no Rockgol: "Guidje, você lembra de mim?" Nossa! Que legal! Ela lembrou de mim e veio puxar assunto e eu... Bom, eu verifiquei o perfil dela, tinha até umas fotos... E eu não consegui lembrar, absolutamente! Eu, que tenho uma história de relacionamento tão extensa quanto o mais celibatário dos padres, não consegui lembrar de uma guria que me conhecia! E a guria é bem gatinha, ainda por cima!
Enfim... É nessas horas que não entendo o que se passa na minha cabeça. Qual é o critério do meu cérebro para manter ou apagar certas informações? Por que eu não lembro de quase nada do que li num livro de geografia no primeiro ano, mas lembro que a cor da primeira motinho que ficava em cima do bolo no meu aniversário de 10 anos, era azul? E por que raios eu lembro daquela merda de plátano e do bordo vermelho, mas não lembro de uma guria que, provavelmente, eu devo ter trovado pra caralho mas, claro, nunca peguei?
Sabendo que tudo isso se passa dentro de minha cabecinha, fica evidente que jamais entenderei o que se passa dentro das dos outros. E nem quero saber, aliás. Mas entre saber de informações ou simplesmente respeitar a individualidade e histórias que cada pessoa carrega nos ombros, deveria bastar o respeito mútuo. Costumamos julgar, avaliar, criticar e mesmo supor que sabemos o que todos querem, o que todos pensam e como se sentem. Não sabemos integralmente o que se passa com as nossas próprias vidas mas temos essa pretensão gigantesca!