Não havia passado nada de interessante na minha cabeça que me motivasse a escrever qualquer coisa. Tive um bom final de semana, as perspectivas para a semana foram corriqueiras, comi e resolvi aguardar o término do "Tele-Domingo", a fim de obter notícias sobre a dupla Gre-nal, já que até então não tinha visto o lance tão polêmico apontado pelo árbitro de Grêmio x Atlético-MG, o Seneme. Apesar do bafafá, não foi isso o que me fez criar vontade de pôr qualquer coisa aqui, foi justamente uma matéria do programa anterior, o "Tele-Domingo".
Particularmente, não tenho nada contra ele, apesar de achá-lo um tanto superficial, mas o que se esperar de um programa com uma proposta de "revista semanal", que vai ao ar perto da meia noite? Mostrou-se as caravanas atrás de uma santa qualquer, falou-se sobre o caso do deputado federal que não estava nem aí para a opinião pública, sobre os bombeiros que se foderam na tragédia de Santa Catarina (e que agora estão bem) e finalmente a matéria que me deixou cabulado: uma denúncia sobre o transporte clandestino que ruma para Eldorado do Sul e Guaíba.
Buenas... Eu não moro nessas cidades mas trabalhei durante algum tempo por lá. Em primeira instância, usei muito os ônibus e vãs da "Expresso Guaíba", mas no final das contas optei pelos clandestinos. Por quê? Bem, depois de quase ser demitido em virtude dos atrasos diversos, resolvi reclamar para a empresa sobre a irregularidade nos horários dos ônibus. Não somente eu o fiz, mas todos os meus colegas. A resposta? A pior possível: descaso; silêncio. Com os "clandestinos", não houve atraso. Nunca. O motorista com quem eu pegava essa carona, era um sujeito muito legal, aliás muito mais solícito e simpático que os sonolentos e emburrados motoristas do transporte "oficial". Fora o retorno para Porto Alegre: quando de ônibus, cansei de ficar na parada por até uma hora para acabar descobrindo que os horários, naquela semana, haviam sofrido uma "alteração ocasional".
A repórter do "Tele-Domingo" entrevistou o presidente da empresa, que fez-se de vítima mas não chegou a cobrar providências da SMOV, mesmo porque a secretaria já faz a sua parte quando nota alguma irregularidade. Mas, bem salientado por um fiscal, "não há como saber quando o transporte está sendo cobrado". Na verdade, até há como sabê-lo: aqueles ônibus e vãs com "Guaíba" impresso na lateral, o são! E não são nada "legais"...
Eu fiquei sinceramente indignado. A questão da segurança, quando abordaram a necessidade do uso do cinto de segurança, por exemplo: e desde quando há cintos de segurança nos ônibus? E sobre a capacidade dos motoristas clandestinos, pois esses não seriam capacitados como os "profissionais"... Olha, nos últimos três meses, somente aqui em Porto Alegre, já houve dois acidentes graves, com vítimas de ferimentos e até morte. Me sinto tão seguro com um motorista profissional quanto se fosse uma morsa ao volante.
Finalmente, a questão do custo: o "Tele-Domingo" informou que não havia diferença de preço entre a passagem do ônibus e o que os motoristas clandestinos cobravam. Mentira escrachada, pois lembro-me de pagar até R$0,30 mais barato.
No final das contas, acho que isso só deve incomodar de fato o dono da "Expresso Guaíba", pois apesar de ser uma empresa de transporte público, ela é privada (como um montão de empresas de transporte público, aliás). E os passageiros são tratados como tudo aquilo que vai dentro de uma privada, mas sem direito ao "Bom ar".