Havia fumaça e era avistada a alguns quilômetros de onde a reunião acontecia. A história que era contada, talvez não tenha resistido à magia do tempo, mas o que importa, na verdade, era o ato de contar histórias em si. Não fosse uma tribo, ou um bando, ou uma comunidade, nada mais do que palavras ao vento seriam proferidas. Ora, como existiam pessoas em volta escutando o que quer que tenha sido dito, as informações haviam passado de um espírito para outro. E tem sido assim desde então...
Fato é que a evolução deu-se, talvez não só por isso -
como o documentário do Discovery Channel, sobre cerveja, sugere -, mas pela tendência que temos de contar histórias e de travar discussões. Não é simplesmente resmungar grunhidos com pouco sentido, mas fazer com que o mundo em nossa volta seja descrito através de palavras. Aliás, o falar, por si só, deve-se a evolução natural dos nossos ruídos monossilábicos em discursos mais prolixos. E a evolução tecnológica e social da espécie humana deve-se ao ato de se contar histórias.
Os nossos méritos atuais são frutos de conhecimentos adquiridos ao longo de décadas, séculos, forçando a barra, de quase um éon. E, antes de Guthenberg, a informação era passada de pai para filho e assim por diante. Não era como se tivéssemos lido em algum lugar, mas o preceito era o mesmo e a imprensa só veio para consolidar a mania de contar histórias.
Considerando o inevitável correr dos anos, o que mudou, entre o contador de histórias dos primórdios da humanidade e o que temos hoje, foi a mídia em que a informação transita de um indivíduo para o outro. E isso é bom salientar porque a informação independe de características específicas de um sujeito, por mais que ela possa ser absorvida - e distorcida - ao bel prazer do interlocutor. Desconsiderando esses revezes históricos, é pertinente dizer que o louvável é que se tenha ainda histórias a serem contadas.
E quando as não tivermos... Será o fim dos tempos.