~~~~~ Filosofias Salgadas (Morto) | Oceano Pensante (Renatito) ~~~~~


sábado, maio 08, 2010

Ano zero, em uma maternindade qualquer, mais um bebê nasce, com sua indefectível cara de joelho, braços e pernas inquietos e errantes, pulmões a toda - choro. Um ou outro parente invariavelmente diz que é a cara do pai, ou tem os trejeitos da mãe. Algum mais engraçadinho menciona certa semelhança com o leiteiro...

Desde a tenra idade até os três anos completos, a criança é aquele prodígio e constante motivo de orgulho e satisfação dos pais: todo o rastejar é louvável, os primeiro passos são errantes, mas precoces! E quando surge o balbuciar das primeiras sílabas, todos o vêem como um futuro radialista, locutor, político, um ditador dialético e apaixonado - bem, talvez não. Fato é que o desenvolvimento da criança foi normal: nem aquém, nem além; normal. Uma criaturinha alegre e cheia de vida, mas já se excluiu a hipotética genialidade.

Mais três anos e as aventuras acadêmicas começam. A pré-escola propõe o desenvolvimento do comportamento social do indivíduo ao mesmo tempo que destaca suas idiossincrasias primordiais: afinal, agora é possível que Joãozinho tenha seus colegas como parâmetros e perceba que comer cocô não é legal...

Dos seis aos nove anos, a criança será alfabetizada, aprenderá a contar, fará amizades - e talvez sejam aquelas realmente verdadeiras, as de uma vida inteira. Talvez, comece a perceber, outrossim, alguma incógnita correlação com o sexo oposto. Ainda inexplicável. Ainda incoerente.

Começa o turbilhão da puberdade e da adolescência: para os meninos, os banhos tornam-se mais longos, a voz falha, o corpo espicha. As meninas largam as brincadeiras de bonecas, às vezes têm vergonha do corpo e tornam-se, quem sabe, introspectivas. E, claro, há a primeira menstruação!

Temos depois os quinze anos: as meninas debutando e já com graciosas formas; os meninos já mais graúdos e com pêlos aparecendo em profusão exponencial em lugares incômodos e inconvenientes. A ansiedade da fase é perturbadora porque se vislumbra todo um horizonte e as relações interpessoais são exploradas ao máximo. Aprende-se, vive-se. Muito, muito!

Aos dezoito anos, muitos estão terminando o ensino médio. É aquela aflição de definir o que se quer fazer, que função exercer neste raio de sociedade? Talvez, aquele sujeito pense em tirar a carteira de motorista... Não, depois, melhor depois: primeiro concluo os estudos, daí de repente penso nisso. Por ora, melhor continuar indo de "busão"!

E numa noite qualquer, com a breve experiência, mas ao mesmo tempo carregando uma bagagem unicamente sua e condizente com seus vinte e um anos, morre ao encostar-se na parada de ônibus.

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E assim vivemos.

Construímos toda uma história, ou a nossa história apenas, mas que ainda "apenas" é a nossa vida, nossa trajetória.

E tudo que conhecemos, as pessoas que conhecemos, ficam para trás... Ou numa mera placa de ônibus em homenagem... E na memória de quem presenciou.

Funciona assim, não adianta. Com certeza, na época de Piteco e sua turma, um homem daquele tempo morreu com uma pedra vinda do céu, que escorregou de algum monte.

Hoje, somos assim, nossos montes são de concreto, a marquise pode cair sob nossa cabeça.

Piteco e seus amigos não tinham como escrver as histórias daquela época para que soubessemos hoje, mas nós, milhares de anos depois, podemos.

E aí encontramos o detalhe. Podemos mais que isso, inclusive prever (verificar) a existÊncia de uma corrente elétrica em um poste.

Podemos verificar e fiscalizar os cálculos de um engenheiro de obra.

Contudo, ainda aassim, não podemos prever a sorte ou a falta-de de cada um de nós.

Dolorido, passageiro.

Passam as dores, passam os ônibus, e cada vez mais tenho a certeza que estamos a mercê de qqr coisa.

Piteco não podia escolheu a sorte de uma caverna que não desabaria.

Nós não podemos escolher a sorte de serviços que nós mesmos criamos serem bem feitos por pessoas a que não temos comando algum.

Resta viver e confiar. Acreditar.

E assim surgiu a fé, mas daí é papo pr`a outra hora.

Aquele abraço.

www.oceanopensante.blogspot.com
 
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