Ao chegar na beira da praia, alí na orla do mar, senta-se e começa a escavocar a areia, com os dedos dos pés. Venta um pouco. As mãos apóiam o corpo: braços esticados pra trás, apenas mantendo o peso que, de outra maneira, faria com que o dorso invariavelmente encontrasse repouso.
E ao pensar nisso, rende-se... Os braços não mais agem e o corpo finalmente tomba na superfície fofa das dunas. As mãos agora acariciam punhados de areia. E ele observa que, tal qual seus planos, a areia tende a esvair-se facilmente por entre os dedos.
Não é uma boa maneira de mudar as perspectivas. Não é uma boa maneira de pensar em seguir a vida. Não é uma boa maneira pra sequer criar justificativas de como seguir com aquela vida. Mas a culpa não é dele: a culpa é da areia; são seus grãos pequeninos e sua vontade de serem livres, seguir com o vento - não trancafiados entre dedos irresponsáveis e sem futuro.