Na natureza, impera a lei da soberania do mais forte. Com os leões, por exemplo: o mais agressivo e briguento dos machos terá o direito de montar em tantas fêmeas quantas estiverem disponíveis. E assim é com o lobo, com os antílopes, com os elefantes...
Com as lulas essa regra também é válida. Entretanto, a lula possui uma característica interessante, que é a de mudança da sua tonalidade do couro e dos desenhos que este possa apresentar. As fêmeas têm cores e desenhos que as diferem dos machos, de forma que o macho dominante - o mais forte e viril - irá "carcar" todas as lulas que possuirem o característico tribal desenhado em seu lombo. No entanto, esta facilidade de metamorfose permite que um macho, por exemplo, se faça passar por fêmea. E isso é muito útil quando não se é o macho dominante: enquanto o "lula fortão" se exibe e combate todos os possíveis adversários, o "lula fraquinho" se faz de donzela e engana os outros, traçando discretamente, enquanto os "machões" digladiam, a lula fêmea.
Esse exemplo da lula é só para provar que a lei da sobrevivência do mais
forte não tem relação necessariamente com a
força. Outra espécie que demonstra isso com exímia prolixidade é a dos humanos. Nos humanos fica mais definido o que realmente importa: não a
força, mas sim o
poder. Pois, veja: Arnold Schwarzenegger tornou-se mais reconhecido e admirado após a sua reeleição como governador da Califórnia, do que como fisioculturista ou como o "Terminator" do "Exterminador do Futuro". É uma questão de demonstração de
poder.
Se sou presidente dos Estados Unidos e possuo todo um admirável poderio bélico em minhas mãos, não importa que eu seja pouco mais inteligente que um chimpanzé ou que tenha a força de um "hamster": serei um homem muito bem quisto pelas mulheres e poderei disseminar meus "gens" malditos pelo mundo...
Claro, na raça humana existem valores do tipo: integridade, honestidade, caráter, bondade, etc. Mas é difícil competir quando algum argumento passa dos seis dígitos...
O que importa é que vivemos num mundo de valores estabelecidos não pela natureza, mas sim pela humanidade. A soberania do mais forte não diz respeito ao poder, ou a beleza, ou a cor da pele, dos olhos, do cabelo. A lei do mais forte diz que sobrevive quem conseguir superar os obstáculos que nos são naturalmente impostos. Como a lula, por exemplo, que usa da inteligência para contornar e evitar um embate iminente.
Nós também utilizamos a inteligência, sim, é óbvio. A inteligência e nosso raciocínio perspicaz. Mas a diferença é que a utilizamos para criar novas regras que definem quem é mais forte. Nós estabelecemos que os cifrões dizem mais a respeito de mim, do que quem eu sou e quais os meus valores como ser humano. Porque, afinal, o mundo todo pode ser comprado com dinheiro!
Enquanto isso, a mãe Natureza tudo vê. Ela não está mais silenciosa como outrora - temos maremotos, o aquecimento global, tempestades... Mas também não demonstrou todo o seu poderio bélico. E quando ela o fizer, as ogivas nucleares parecerão foquetes daqueles que usamos nos finais de ano.